ENTREVISTA VÃO URBANO

Essa entrevista deu-se em tom de conversa entre o escritório de Arquitetura e urbanismo Vão urbano e a Empresa Júnior de Arquitetura e Engenharia Civil da UFAL (EJEC). A EJEC entrevistou neste último dia 02 o escritório de Arquitetura e Urbanismo Vão Urbano, composto por Gabriel, Tuanne e Paula, estudantes graduados da Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

Nessa primeira parte, trazemos as respostas das perguntas objetivas que fizemos com o intuito da entrevista, porém nosso bate papo foi muito enriquecedor e cheio de histórias com quase duas horas de duração. Aqui você terá acesso ao áudio da primeira hora de conversa em que foram destrinchadas as perguntas feitas com maior riqueza de detalhes que o texto resumido abaixo.

Como a conversa foi frutuosa, teremos a parte 2 dessa conexão entre o Vão Urbano e a EJEC, onde vocês irão encontrar um conteúdo sobre Medellín e a relação dessa cidade com o Urbano.

1. Como unir serviços como interiores e projetos de praças (urbanismo) com tanto apreço?

Gabriel: Formamos o Vão assim que nos graduamos e, assim como todo escritório iniciante, fomos fazendo os projetos de acordo com as oportunidades que iam surgindo e sempre tentando tirar o máximo de aprendizado de cada situação. Dessa forma, passamos pelas várias escalas de projetos –– da casa à cidade. Porém, desde a graduação, nossas pesquisas, estudos pessoais e projetos de interesse foram na escala urbana. Nos permitimos experimentar e aprender com as demais áreas, porém enxergamos a necessidade de adentramos e delimitarmos o nosso tempo para projetos que dialogassem com nossos interesses de estudo e pesquisa. Hoje, buscamos fazer projetos de interiores apenas dos projetos arquitetônicos que desenvolvemos, entendendo que o interior é intrinsecamente conectado com o partido da edificação, assim como, sua locação e situação no contexto na qual está inserido. Buscamos sempre compreender a arquitetura como uma unidade impressa em um território e os valores adotados devem estar imbricados ambientalmente e culturalmente a ele.

2. Qual o software que vcs usam para detalhar mobiliário e detalhar projetos com escalas maiores?

Paula: Autocad vem sendo o programa mais utilizado por nós para detalhamento, já utilizamos o Revit em alguns projetos e estamos pensando em investir mais tempo nele, principalmente, para não ficarmos dependentes de vários programas e, também, para aproveitar as qualidades indispensáveis que os programas BIM oferecem. Além disso, desde a graduação buscamos desenvolver nossas habilidades de representação e para isso usamos bastante os programas da Adobe (Photoshop, Illustrator, InDesign, etc), também já utilizamos Rhinoceros e com mais frequência o SketchUp e Lumion. Estamos sempre buscando aperfeiçoamento e atualização.

3. Vocês pensam em concorrer a licitações para fazer obras públicas aqui em Maceió ou outra cidade?

Tuanne: Sim, talvez seja o nosso próximo passo. Já percebemos que precisamos estudar as diversas formas de atuar nesse ramo, até então conhecemos muito pouco sobre esse universo.

4. Dá para viver de urbanismo?

Gabriel: Ainda não (risos), há dois anos estamos nos estruturando e estudando sobre as possibilidades de atuação na escala urbana. Paralelamente ao Vão Urbano, buscamos outras atividades para nos dar suporte financeiro e experiência prática, entendemos que é um ramo mais restrito e complexo, requer muita dedicação, muito estudo e prática. Assim, começamos a atuar em concursos como forma de fomentar experiências práticas e, principalmente, para desenvolver e testar metodologias de projetos. Os concursos foram ótimas oportunidades de aprendizado e nos abriram algumas portas. Hoje, estamos sempre atentos às oportunidades e com algumas boas experiências no portfólio, como uma menção honrosa em um concurso de ideias nacional em 2019.

5. Quais são as grandes inspirações de Vocês?

Paula: Acreditamos que as inspirações são plurais e diversas e, ainda que já tenhamos nos misturado ao longo desses quase 4 anos de convivência, nossas inspirações também são particulares. De maneira geral, podemos dizer que nossos professores da graduação foram nossas primeiras inspirações, pois eles estavam lá ascendendo nossas ideias e nos apresentando esse mundo infinito de possibilidades que é a arquitetura e o urbanismo, a universidade nos abriu janelas e ampliou nossos horizontes. Outro ponto em comum que nos inspira seriam os grandes arquitetos e pensadores urbanos, desde os utópicos modernistas aos sustentáveis contemporâneos, aprendemos bastante com os estudos de casos de intervenções urbanas em diversas cidades do mundo e em seus mais variados contextos e temporalidades. Algumas cidades também nos inspiram…

Arquitetos e urbanistas ou pessoas referências…

São muitos, mas entre os principais podemos citar Lina Bo Bardi, Jan Gehl, Sasaki, Carlos Leite, Ermínia Maricato, Jeff Speck, BIG…

6. Vocês possuem Missão, Visão e Valores definidos? Se sim quais? 

Tuanne: No Vão Urbano tudo vem sendo muito fluído, estamos em constante aprendizado e reformulação, por vezes a qualidade espontânea nos convence a não nos trancarmos tanto em definições, outros momentos, sentimos necessidade em formalizar nossos pensamentos e ações. Estamos sempre em movimento. Mas, por hora, acreditamos que a missão do Vão Urbano é promover urbanidade para as pessoas, nas diversas escalas dos projetos –– da casa à cidade –– por meio de uma dinâmica de criação colaborativa. Nossa visão é vir a ser uma referência em intervenções urbanas que transformem positivamente a vida das pessoas. Os nossos valores dialogam com a inovação, a autenticidade, a comprometimento, a inspiração e a paixão pelo que fazemos. Nós queremos ser e fazer diferente do que vem sendo produzido e apresentado na nossa região.

7. Como vocês pretendem alcançar a Missão de vocês? 

Gabriel: Acreditamos que é um longo caminho a ser percorrido, pois muitos paradigmas precisam ser superados para que a nossa sociedade possa desfrutar da tal urbanidade. Ao mesmo tempo, procuramos sempre aliar a teoria e a prática em cada um de nossos projetos, sempre introduzindo-o em reflexões e conversas com os nossos clientes, com os nossos parceiros, apontando soluções, desmistificando alguns preconceitos e buscando novas formas de enriquecer o nosso processo projetual.

8. O quanto vocês se complementam em termos de habilidades? 

Paula: A diversidade nos atrai, somos diferentes e achamos que esse é um dos pontos mais extraordinário do vão urbano. Aprendemos muito um com o outro em cada processo, seja a visão de mundo, a forma de encarar os desafios ou de propor as soluções, uns são mais sensíveis, outros mais práticos e objetivos frente às situações… Contudo, a vida na cidade também é assim, cheia de diversidade e confrontos de ideias e ter formas diferentes de enxergar cada situação nos aponta possibilidades, nos permite olhar por vários ângulos, isso é precioso. A busca por unidade em cada projeto é sempre um ideal e o caminho quase sempre é cheio de descobertas e novidades, nossos olhares variam entre temas como o direito urbanístico, planejamento urbano, habitação de interesse social, geoprocessamento, patrimônio urbanístico, história e memória das cidades…

9. Vocês possuem algum sonho grande? Aparentemente ideal?

Tuanne: Contribuir e participar de um processo de transformação urbana de grande impacto positivo para as pessoas, como aconteceu na Cidade de Medellín, por exemplo.

10. Recado final!

“A cidade cidade é um lugar complexo, o que significa que é cheio de contradições e ambiguidades. A complexidade enriquece a experiência; a clareza a empobrece.” (Robert Venturi)

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